Resenha - O sol é para todos

07 abril 2016


Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
O sol é para todos, com seu texto “forte, melodramático, sutil, cômico” (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.
• Com nova tradução e projeto gráfico, este clássico moderno volta à cena, justamente quando a autora lança uma continuação dele, causando euforia no mercado.
• Desde o anúncio de sua sequência, O sol é para todos é um dos livros mais buscados e acessados no site do Grupo Editorial Record.
• Já vendeu mais de 30 milhões de cópias nos Estados Unidos e, no último ano, ganhou a recomendação do presidente Barack Obama, que proferiu o seguinte elogio: “Este é o melhor livro contra todas as formas de racismo”.
• Vencedor do Prêmio Pulitzer.
• Escolhido pelo Library Journal o melhor romance do século XX.
• Eleito pelos leitores de Modern Library um dos 100 melhores romances em língua inglesa.
• Filme homônimo venceu o Oscar de melhor roteiro adaptado.

Livro: O Sol é para Todos
364 páginas || Skoob || Editora: José Olympio || Onde Comprar

                                                         






"- Em primeiro lugar, Scout - ele disse -, se aprender um truque simples, vai se relacionar melhor com todo o tipo de gente. Você só consegue entender uma pessoa de verdade quando vê as coisas do ponto de vista dela."

Na década de 1930 no pequeno condado de Maycomb, Alabama, Jean Louise Finch é apenas uma menininha, filha de um conhecido advogado local que aprendeu desde cedo a conviver com as diferenças e não conhece as distinções tão fortes entre negros e brancos que os adultos fazem pois após a morte de sua mãe, foi educada por Calpúrnia, uma cozinheira negra que trabalha em sua casa. Ao lado do irmão, Jem e os amigos dele, Scout passa os dias se divertindo em brincadeiras na rua e fazendo travessuras.

"- Não tem nada que trazer filho de branco aqui, eles têm a igreja deles, nós temos a nossa. Essa é a nossa igreja, está lembrada, srta. Cal?Calpúrnia respondeu:- O Deus é o mesmo, não é?"

As coisas começam a mudar e a menina começa a notar as diferenças raciais que existem na vida quando o pai, Atticus, é designado para a defesa de um negro, acusado de estuprar uma moça branca. Atticus luta para fazer o melhor trabalho possível e para dar uma defesa digna para o homem, mas mesmo com isso ele, jean Louise e Jem acabam sofrendo o desprezo da sociedade, homens e mulheres que antes eram seus amigos agora evitam-lhes na rua e lhes falam coisas ofensivas. A menina não compreende nada do que está acontecendo e se sente confusa e magoada com o tratamento que vem recebendo, até o dia em que começa o julgamento e entrando escondida no tribunal com o irmão, ela assiste toda a defesa e consegue compreender um pouco sobre como funciona a sociedade e seus preconceitos. Nessa jornada de descoberta, Jean Louise tem muito a aprender e muito a se decepcionar com a sociedade em que nasceu.

Em um clássico épico, Harper Lee nos trás uma história de preconceito que se passa em 1930, mas que bem poderia passar-se nos dias de hoje de tão atual que é seu conteúdo e nos faz refletir junto com Scout a respeito da sociedade em que vivemos e do mundo que estamos construindo.

"Eu desconfiava que não devia estar ali ouvindo aquele homem pecador, que tinha filhos mestiços e não se incomodava que todo mundo soubesse disso, mas ele era fascinante. Eu nunca tinha conhecido ninguém que se desacreditasse deliberadamente. Mas por que ele tinha nos contado seu grande segredo? Perguntei isso a ele.- Porque vocês são crianças e entendem. E também porque ouvi o que aquele ali disse... - ele respondeu, indicando Dill com a cabeça. - Os sentimentos dele ainda não foram corrompidos. Quando crescer mais um pouco, não vai mais ficar mal e chorar ao ouvir certas coisas. Pode ser que ache as coisas meio erradas, digamos, mas não vai chorar, não quando ficar mais velho.- Chorar por causa de que, sr. Raymond? - perguntou Dill, querendo se defender.- Por causa do inferno pelo qual algumas pessoas fazem as outras passarem sem nem pensar. Por causa do inferno pelo qual os brancos fazem os negros passarem, sem nem sequer pararem para pensar que eles também são gente.''

Li esse livro por causa do desafio que nesse ano impus a mim mesma de ler um clássico da literatura todos os meses, e como O sol é para todos é um dos bastante comentados resolvi pegá-lo, e já fui conquistada nas primeiras linhas ao acompanhar a história de Scout e sua narração tão pura e inocente, que é o um dos pontos mais positivos do livro. Ela narra tudo sem julgamentos, é apenas uma menininha tentando entender o mundo ao seu redor e a maldade humana. Outro ponto que é muito positivo do livro é o fato de se tratar sobre o preconceito entre brancos e negros. Apesar de o livro se passar no início do século XX, ainda atualmente podemos acompanhar essas distinções na nossa sociedade, embora de forma mais velada. Não encontrei nenhum ponto negativo a destacar. A linguagem é totalmente clara, acessível e nos sentimos no ambiente descrito.

O livro é dividido em 31 capítulos e a narração é feita em primeira pessoa toda por Scout, e ela conta a respeito de sua vida antes do julgamento onde o pai defendeu um negro, durante e depois. Uma das cenas mais emocionantes para mim é o julgamento e a luta de Atticus para dar um julgamento justo para o acusado, os argumentos maravilhosos e uma sociedade arraigada em suas crenças.

Todos os personagens merecem destaque especial. Calpúrnia, uma mulher que cuidou de Jean Louise e do irmão Jem durante boa parte da vida deles, uma pessoa extremamente digna que tentava incutir esses valores nas crianças. Atticus, um pai sozinho que também fazia o máximo para ensinar os filhos a viverem sem destacar diferenças entre as pessoas. E as crianças, tão inocentes em seus pensamentos são envolvidas em um mundo distante de sua compreensão lógica.

O livro está muito bem revisado e possui os capítulos curtos, o que torna a leitura fácil e a fez ser rápida. O título também merece um grande destaque pois o adorei, O sol é para todos causa toda uma reflexão sobre algumas pessoas se acharem superiores as outras devido a sua cor, credo ou qualquer outra diferença. É um livro recomendadíssimo.

Temos ainda escrito pela mesma autora um outro livro chamado Vá, coloque um vigia, que se passa com os mesmos personagens porém vinte anos depois. A curiosidade é que esse segundo livro foi escrito antes de O sol é para todos, mas não foi publicado e ficou arquivado por anos. Já realizei a leitura deste também e digo que não me agradou tanto, porém não cabe resenhá-lo neste momento, ficando apenas como uma observação.

19 comentários

  1. Oi Tamara, eu só leio elogios em relação a este livro e em função disso, já o coloquei na minha lista de próximas leituras. A sua resenha só me deixou ainda mais curiosa em relação a ele e essa reflexão sobre o racismo, infelizmente ainda é mega pertinente a nossa sociedade. Esse livro, penso eu, deveria ser leitura obrigatória no nosso país.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  2. Olá,
    Que história incrível!
    Achava a capa incrível e fui pesquisar sobre o livro e me deparei com resenhas incríveis. Quando fiquei sabendo que ele era vencedor do Prêmio Pulitzer tive a certeza que era um bom livro e reafirmei a minha vontade lê-lo.
    Ótima resenha!
    Abraços,
    Um Rascunho a Mais

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  3. Oi Tamara, eu estou com o livro na minha lista desde o ano passado, e não sei porque não adquiri ainda esse clássico, sendo que já tive algumas oportunidades. Já li muitos comentários - todos positivos - e é por isso que chama tanta a minha atenção, especialmente porque nunca li nada de Harper Lee e gostaria de conhecer seu estilo de escrita. Claro que também irei querer ler Vá, coloque um vigia. Fiquei surpresa sobre você dizer que esse foi escrito antes: que loucura!
    Beijos, Fer

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  4. Tenho uma amiga que é apaixonada por esse livro e de uma forma isso me fez querer lê-lo, tenho essa curiosidade e com essa sua resenha pude conhecer mais a história e querer ler ela mais ainda.
    Beijos
    neversaynever-believe.blogspot.com.br

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  5. Eu quero muito ler esse livro (e há muito tempo), mas ainda não tive a oportunidade ($$$$$$$). Engraçado que mesmo conhecendo de certa forma a história de O Sol é para todos há algum tempo, agora me veio à mente que o enredo é bem parecido com aquele filme A Ponte dos Espiões, que chegou a concorrer ao último Oscar, em que um advogado tenta defender um espião alemão durante a Guerra Fria. Se ainda não viu o filme, eu recomendo bastante!

    Um Metro e Meio de Livros

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  6. Oi, Tamara
    Você não é a primeira a elogiar o livro. Eu adoro clássicos e tenho curiosidade em ler esse. Apesar de ter sido escrito há anos, gostei de saber da escrita acessível. Sobre o segundo livro, todos comentam que não é tão quanto esse mesmo. Bom, como ainda não li não tenho como opinar. Parabéns pela resenha.

    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

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  7. Olá Tamara,
    Li esse livro há pouco tempo e até gostei da leitura, com algumas ressalvas. Achei a trama um pouco enrolada e senti dificuldade de acompanhar, mas faz parte. Sempre teremos opiniões diferentes sobre o mesmo livro.
    Gostei muito da sua opinião, pois ela me fez refletir um pouco mais sobre o livro. Quem sabe um dia eu não leia e me encante de verdade?
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

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  8. Olá, olhando a capa do livro eu não esperaria uma história tão valiosa dentro dele. Isso que dá julgar um livro pela capa. Gostei bastante da sua resenha e acho que você mostrou pontos muito importantes da história e eu fiquei bem curiosa para fazer essa leitura

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  9. Tenho muita curiosidade pra ler esse livro, todos falam também, mas confesso que nem sabia do que se tratava a trama, mas lendo sua resenha fiquei mais curiosa ainda, visto que você gostou tanto. Infelizmente o assunto, apesar de antigo, é bem atual. Tenho medo de ler e não gostar da linguagem, mas tenho que me arriscar.

    Virando Amor

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  10. Oi Tamara, tudo bem?
    Amo ler clássicos e esses está na lista dos que quero muito ler!
    Acho a premissa dele incrível! Parece ser o tipo de história que nos conquista de cara.
    Acho o tema tratado muito importante, pois preconceito racial é algo que até hoje encontramos na sociedade.
    Acho incrível que seja narrado sob a perspectiva de uma criança, pois sem dúvidas deve deixar a leitura muito mais encantadora!
    Quero muito mesmo realizar essa leitura em breve!
    Amei essa nova edição, está maravilhosa!

    Beijos :*
    http://livrosesonhos.com/

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  11. Olá Tamara, tudo bem?

    Eu jurava que esse livro se tratava de outro assunto. Já tinha visto o pessoal falando em caixinha de correio e tals, mas nunca tinha parado para ler uma resenha, agora eu me pergunto, porque? Gente, que livro clássico. Adorei, pois preconceito eu acho um tema tão difícil de se falar, porque vai depender muito do olhar da pessoa. Ah, adorei o seu desafio de sempre ler um clássico.

    Bjs

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  12. Oi, estou com muita vontade de ler esse livro já que só vejo elogios acerca dele e por ser um clássico acho que com certeza lerei. Ele traz assuntos importantes para discutir, principalmente o preconceito e o racismo. O fato do livro ter capitulos curtos me cativa mais, pois a leitura não fica cansativa e o fato de ser narrado por uma criança dá outra dimensão do livro.
    bjus

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  13. Oi Tamara!
    Eu já li a sequencia dessa história, mas ainda não li esse livro. Deve ser um daqueles livros que te deixar reflexivo por dias, devido a uma trama tão intensa e bem estruturada como essa. COnfesso que sempre sofro quando o assunto é preconceito, de qualquer tipo. Esse será um livro marcante.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  14. Oi Tamara, sabe que sempre me falam muito bem desse livro, e apesar de eu não ser muito fã de clássicos, até que sinto uma certa curiosidade com esse livro. Só acho que não estou no momento de ler ele, sabe? mas mais para frente pretendo sim ler ele e ver o que eu acho.

    Beijos

    http://www.oteoremadaleitura.com/

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  15. Olá!

    Não conhecia este livro antes, mas pelo enredo que você conta aqui posso ver que é uma estória maravilhosa. Acho lindo em tempos cheios de preconceitos, uma garotinha como Jean que foi criada por uma negra e por isso não pode ver as diferenças que a sociedade impõe. E bem isso era bem comum antigamente não é? Isso me lembrou muito o filme A Resposta que eu vi e a maioria das crianças eram criadas pelas negras que trabalhavam em sua casa, mesmo tendo mães vivas. Creio que O Sol é para todos é um livro que todos deveriam ler e eu com certeza vou coloca-lo em minha lista para leitura.


    Beijinhos!
    Cantinho Cult

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  16. Olá!

    Bem, durante muito tempo eu não fui fã de leitura, quem dirá de clássicos, então nem tinha ouvido falar do livro que convenceu várias pessoas de uma década a se tornarem advogadas. Coincidência ou não, estou me formando em Direito e fazendo um TCC que fala um pouco de como julgamentos devem ser feitos sem preconceitos. Tenho interesse de ler o livro e também tenho muito interesse de ler o outro livro, que dizem se tratar de uma desconstrução do primeiro. Talvez a leitura não seja tão fluída quanto o primeiro, por tão ter sido trabalhado edição atrás de edição (creio eu), mas acho que vale a pena o tempo.
    Adorei a resenha.
    Beijos!
    Laury

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  17. Oi Tamara.
    Já li vários elogios sobre esse livro, mas ainda não achei um momento para ele na minha lista de leitura.
    Primeiramente, parabéns por se impor ler um clássico por mês. Adoramos tanto ler, mas as vezes os mais antigos acabam perdendo a vez. Já tentei e não consegui, salvo algumas pequenas exceções.
    Enfim, acho a história do livro linda, até porque desde a infância presenciei o preconceito racial da sociedade de perto. Minha melhor amiga é negra e nunca entendi porque algumas pessoas olhavam estranho pra gente, hoje tenho certa noção do motivo. Fiquei curiosa pra saber como a autora abordou o tema narrado sob o ponto de vista de uma criança pura e inocente.

    ~Cass

    Sexteto Literário

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  18. Oie! Há algum tempo sinto enorme vontade em iniciar a leitura de O Sol É Para Todos e espero poder realizá-la em breve. O que mais me atrai no clássico é o fato de que a autora narrou assuntos tão complexos através da perspectiva de uma criança inocente. Por mais que a história se passe no século XX, infelizmente ainda temos a presença de diversas formas de preconceito em nossa sociedade. Adorei a forma como expôs os detalhes da obra. A iniciativa de um clássico por mês foi maravilhosa e desejo sorte em suas leituras. *-*

    Beijos,
    Fernanda Goulart.

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  19. Vejo sempre tantos elogios para o livro que estava pensando que a grande maioria era jogada de marketing....rs
    Ler sua resenha me fez finalmente prestar atenção para o livro. Fiquei curiosa com a historia, em conhecer os personagens (ainda mais pois você diz que todos merecem destaques) e a escrita da autora.
    O que mais me chama a atenção é ver que o livro é de tanto tempo atrás e que muita coisa não mudou. O tempo passa e parece que a humanidade faz de tudo, memos evoluir quando a questão é preconceito.
    Entrou para a lista de preciso ler ainda esse ano!!!!
    Beijinhos,
    Lica
    http://amoreselivros.com.br

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