Resenha - A zona morta

17 junho 2017

Título: A zona morta
Autor: Stephen King
Cortesia: Cia das Letras / Selo Suma de Letras
Skoob / Goodreads
Páginas: 480
Onde comprar: Amazon / Saraiva

Depois de quatro anos e meio, John Smith acorda de um coma causado por um acidente de carro. Junto com a consciência, o que John traz do limbo onde esteve são poderes inexplicáveis. O passado, o presente, o futuro – nada está fora de alcance. O resto do mundo parece considerar seus poderes um dom, mas John está cada vez mais convencido de que é uma maldição. Basta um toque, e ele vê mais sobre as pessoas do que jamais desejou. Ele não pediu por isso e, no entanto, não pode se livrar das visões. Então o que fazer quando, ao apertar a mão de um político em início de carreira, John prevê o que parece ser o fim do mundo? 








A Zona morta tem como protagonista um excelente professor chamado John Smith. Quando criança, ao tentar impressionar alguém realizando movimentos com os patins, ele acabou sofrendo um pequeno acidente: foi atingido por um jogador de hóquei, sendo arremessado em direção ao gelo. O episódio logo se fez esquecido, tanto que John nem chegou a contar aos pais, porém, nessa época, ele ainda não sabia que os pressentimentos que viriam a acontecer seriam uma consequência do acidente. É na última feira do ano da cidade, no dia do Halloween, que sua vida muda drasticamente. Ele leva Sarah, também uma professora, à feira para um romântico encontro. Tudo estava se encaminhando para o que deveria ser uma noite perfeita, mas, por azar – ou destino -, um imprevisto inimaginável alterou a vida de John e daqueles que o cercam.

Aquela noite estava ficando cada vez melhor. John se divertiu com Sarah e ambos estavam desenvolvendo uma bela perspectiva do futuro, na qual um incluía o outro. Até que John Smith decide participar da Roda da Fortuna. Com o dom de pressentir cada jogada, ele consegue ganhar uma grana alta realizando apostas bastante certeiras. Sarah, no entanto, sente que há algo errado e acaba passando mal, pondo um fim definitivo no encontro daquela noite. Só que nenhum dos dois imaginaria que, quando John Smith pegasse um táxi para casa, iria acabar sofrendo um acidente que o deixaria dormindo por, nada mais, nada menos que quatro anos e meio! Durante o coma, as perspectivas de sua recuperação eram péssimas e nenhum médico acreditava que havia a mínima chance de ele acordar algum dia. Apesar de Sarah amar Johnny, não poderia esperá-lo para sempre e decide superá-lo.

“Havia uma roda girando e girando na noite, uma Roda do Futuro, vermelha e preta, vida e morte, parando. Onde foi sua aposta? Não conseguia se lembrar, mas precisava lembrar, pois afinal as apostas eram sua existência.”

Até mesmo seu pai rezava para que ele finalmente partisse em paz. A única pessoa que tinha a certeza absoluta de que John iria acordar era a sua mãe, Vera Smith. Uma pessoa nada confiável, já que possui um fanatismo religioso extremo e acredita em revistas e cartas duvidosas. Mas o inesperado acontece e John desperta. Se vê desconsolado e abalado, pois se dá conta que perdeu muitas coisas enquanto dormia, incluindo sobre quem é o novo presidente do país. Como se não bastasse ter que lidar com tantas memórias jamais vivenciadas e com a dificuldade de se acostumar com a tecnologia mais desenvolvida, ele recebe a notícia de que uma pequena parte de seu cérebro sofreu uma pequena lesão, o que o impossibilita de visualizar algumas imagens.


John chama essa parte ferida do cérebro de Zona Morta. Se a lesão foi causada pelo acidente do gelo, do carro ou pela junção dos dois, não há como saber; o fato é que ele não pode imaginar ou pensar em algumas coisas, mesmo conhecendo o significado. E o mais impressionante de tudo: ele descobre que possui poderes paranormais! Quanto toca alguém, John é capaz de captar algo do passado, presente ou do futuro que envolve essa pessoa. Com essa habilidade, ele pode impedir um incêndio, dizer a uma mulher que seu filho vai ficar bem da cirurgia e a um homem que sua mãe, na verdade, está viva. É claro, depois dessas premonições precisas, não demora para ele ficar reconhecido e famoso por grande parte da população do país e ser amado e odiado por todos, sendo proclamado como herói por uns e como farsante por outros.

“Se Deus havia lhe dado algum dom, era o dom de ensinar, não o de saber o que não era da sua conta.”

Sua mãe acredita que Deus lhe atribuiu uma grande missão ao fazê-lo despertar do coma e lhe conceder poderes paranormais, e que irá fazer algo grandioso com eles. Paralelamente a tudo isso, existe um homem intrigante e perturbador que, de alguma forma, faz parte da missão de John. Com um temperamento excepcionalmente violento, Greg Stillson é um político em ascensão que mais se assemelha a um palhaço do que a um homem público e respeitável. Com seus discursos e shows absurdos, Greg demonstra ser diferente de todos os outros políticos e acaba encantando as pessoas justamente por sua peculiaridade e objetivos ridículos, como mandar toda a poluição ao espaço. Ao apertar a sua mão, John visualiza umas imagens aterrorizantes que lhe dizem que Greg irá ser o responsável pela destruição do mundo. Será que ele vai ser capaz de impedi-lo? E o quão longe precisará ir para atingir esse objetivo?

Que livro sensacional! Terminei de ler A zona morta há quase uma semana e até hoje os fragmentos da história ficam ecoando em minha cabeça. Esse livro é tão intenso e especial que, sem dúvida alguma, deixou marcas permanentes em mim. Assim como as pessoas que são tocadas por John Smith, eu me senti exaurida, consumida e sugada pelo livro. Quando cheguei ao último ponto final, eu já não era mais a mesma pessoa do início da leitura – e olha que devorei A zona morta, mesmo com suas quase 500 páginas! Afinal, acompanhei uma grande jornada junto com o protagonista: presenciei seus dramas familiares; as visões que, mesmo indesejadas, continuavam vindo; o fato de seu verdadeiro amor ter constituído uma família. O ponto alto, definitivamente, é o seu dom, razão pela qual me deixou instigada durante toda a leitura.


Stephen King desenvolveu essa história de um modo interessante. Inicialmente, conhecemos o protagonista, seus relacionamentos, a fama que passa a adquirir, suas premonições e o impacto que isso causa nas pessoas. Existe um conjunto de vários acontecimentos importantes até que chegue ao verdadeiro conflito que o livro propõe. Porém, algo que gostei é que o conflito principal não consome o livro todo. Na verdade, apenas uma pequena parte dele! O antagonista Greg Stillson chega a ser quase irrelevante diante de tantas situações perigosas que John se depara, mas não deixa de ter sua importância acentuada, especialmente nas páginas finais. E que desfecho! Já que a Zona Morta impossibilita John de visualizar as imagens claramente, imagine só quando ele presencia a destruição do mundo - que tanto a sua mãe religiosa afirmava que iria acontecer -, e não consegue definir exatamente o que vê? É, no mínimo, algo desconcertante.

“Era como se Stillson tivesse levado o jogo do Tigre Risonho um pouco mais a sério dentro da pele do animal. Era um homem, sim. Mas, sob a pele do homem, havia uma besta.”

A diagramação está linda e impecável. Achei a capa um pouco simples e esperava encontrar nela mais detalhes, entretanto, a imagem cumpre bem o seu papel de revelar uma parcela significativa da história. Encontrei algumas frases que deixaram de ser traduzidas, mas não afetaram em nada o entendimento da história, então não chegaram a me incomodar. A revisão ortográfica está boa e o espaçamento entre linhas adequado. A escrita é em terceira pessoa, com foco maior em Johnny e, em alguns capítulos, em Greg. Além disso, há muitas referências da década de 1970 no livro, especialmente da política da época, o que tornou a obra assustadoramente real.

Apesar da postagem enorme, o sentimento de que havia muito ainda a escrever permaneceu. Queria tanto falar mais do livro, mas temo estragar a experiência de leitura de vocês. Minha dica é: mergulhem fundo em A zona morta sem medo. Deixem essa história consumir vocês assim como fez comigo. Definitivamente, entrou para os meus favoritos do autor! ♥




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9 comentários

  1. Esse livro tá parecendo bom mesmo. Achei interessante porque não parece ser daquelas histórias de terror que o autor faz e nem tenho coragem de passar perto xD
    Parece ter uma trama inteligente e cheia de tensão, com esse negócio do dom e das visões e a curiosidade que isso deve causar no leitor...com umas coisas religiosas e um pano de fundo interessante. Bons personagens também, pelo visto.
    Mas o autor sabe fazer umas coisas e tem uma escrita tão boa de ler que já anima mesmo sem ver falar muito do livro. Acho que iria gostar se lesse esse. Parece legal.

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  2. Olá!
    Recentemente li dos livros do King (Carrie e It) e amei os dois <3 Quero ler tudo o que ele já escreveu ahushauhusa
    Não tinha colocado Zona Morta nas leituras desse ano, mas depois de ler seus comentários, acho que vou passar na frente haha. Até porque assistia a série antigamente e gostava muito, se eu já gostava da série, imagina agora do livro huahusahusa
    Beijos

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  3. Amanda!
    Poder ler mais um livro do King e tão bem escrito com enredo fascinante e totalmente inusitado, traz mesmo essa sensação de ter o que ficar pensando durante muitos dias, ele é simplesmente fenomenal.
    Gostaria também de poder acompanhar toda saga do protagonista junto a sua família.
    Desejo uma ótima semana!!
    “Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária.” (Clarice Lispector)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE JUNHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  4. Oi Amanda *--*
    Tu é fã do King né, já li umas três resenha sua sobre os livros dele hahahaha Nunca li nada dele, mas ver você falando com tanta empolgação me dá vontade de conhecer seu mundo doido. Esse é um dos primeiros livros que ele lançou não? Estou bem curiosa mas morro de medo de ser do contra e não gostar =/ Mas tudo bem, prefiro arriscar ahha

    Bjão

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  5. Ainda não li nenhum livro do autor mas eu já sou fã dele por sua famosa escrita e perfeccionismo com sua s historias assustadoras, gostei de ler sobre esse livros pois quando vi que iriam lançar eu já falei que queria ler e não tive duvida de que é muito bom.
    Abraços!!!

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  6. O Stephen King realmente é muito bom. Ele consegue escrever histórias envolventes do começo ao fim, e tem o dom de elaborar personagens peculiares em todos os sentidos. E já percebi que esse livro não é uma exceção. O enredo realmente parece ser instigante e envolvente. Eu não conhecia esse livro do autor, mas fiquei doida pra ler ele. Adorei a resenha, e adorei saber que você gostou tanto assim do livro :)

    Beijos!

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  7. Hey *-*
    King é King ne?!
    Já li alguns dele e de vez em quando eu os releio me surpreendendo mais ainda
    Esse eu não conheço mas se tratando de King sei que vai ser 10!!
    Vou ler com certeza !!
    Bjos

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  8. Olá! King é um ótimo autor, suas obras me chamam muita atenção, no entanto tenho receio de ler seus livros, pois não sou fã de livros de terror, eu ganhei esse livro, pois me disseram que ele não possui tanto terror, e sim mais suspense, mas ainda não tive coragem de ler, sua resenha me deixou curiosa, quem sabe eu não embarque nesta leitura em breve.

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  9. Oi Amanda,
    Não posso mais ficar adiando a minha estreia com o mestre King, são tantos livros espetaculares para ler que sinto que estou ficando de fora, preciso conhecer esse autor tão aclamado de uma vez.
    Que livro genial! O protagonista John com sua zona morta e suas habilidades paranormais é muito intrigante, e a forma como o autor conduz a narrativa é bem envolvente. É o tipo de livro que deixa o leitor curioso no início, prende no decorrer da trama e mata de ansiedade no final. Uma leitura de tirar o fôlego!
    Como estou com receio de ler outros títulos do autor, pois sou medrosa assumida, sinto que esse livro ai é mais “leve”, então seria uma boa escolha para ser o primeiro livro lido do mestre King.
    Beijos

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