Resenha - A Garota no Trem

26 setembro 2017

Título: A Garota No Trem
Autora: Paula Hawkins
Editora: Record
Skoob / Goodreads
Páginas: 378
Onde comprar: Saraiva / Amazon

Um thriller psicológico que vai mudar para sempre a maneira como você observa a vida das pessoas ao seu redor. Todas as manhãs, Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas dágua, pontes e aconchegantes casas. Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes a quem chama de Jess e Jason , Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess na verdade Megan está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos. Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas, A garota No Trem é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.







Rachel é uma mulher que pega o trem todos os dias. Em determinado ponto, ele faz uma parada e esse tempo vago faz com que ela observe as pessoas das casas próximas que passa e imagine uma vida perfeita para elas. As pessoas que mais observa são Jess e Jason, que aos olhos de Rachel, formam um casal perfeito e feliz. Ela especula como eles são, para onde Jason sai para trabalhar todos os dias, o que Jess faz no seu tempo livre enquanto isso, como devem ser suas personalidades. A razão de Rachel se prender tanto ao mundo imaginário daquele casal é o fato de que naquela mesma rua, ela morava com Tom anteriormente, seu ex-marido. E agora quem lhe faz companhia na casa é a sua nova esposa, Anna, a qual ele traiu com Rachel, e o bebê gerado como consequência do adultério.

Entretanto, mesmo evitando olhar para a casa que agora é de Tom e Anna, ela não consegue se desprender do passado. Sendo alcoólatra, Rachel é incapaz de abandonar o hábito de ficar ligando para seu ex-marido durante os episódios de muita embriaguez, implorando constantemente para voltar com ele. E Tom, é claro, sempre fica muito irritado com essas ligações, já que isso acaba aborrecendo bastante Anna. Um dia, numa de suas observações diárias, Rachel vê algo que a surpreende: Jess beijando um cara. E esse cara não é seu marido! Tendo sua visão destruída da vida perfeita que o casal tinha, ela não pode evitar ficar furiosa. O problema é que às vezes o alcoolismo a leva além de ligações no meio da noite, de modo que, em uma noite, Rachel vai até a casa de Tom para aborrecer e assustar Anna novamente.

“Eles formam um par, uma dupla. São felizes, está na cara. São o que eu era, são como Tom e eu éramos, há cinco anos. São o que perdi, são tudo o que eu quero ser.”

Só que depois de uns dias, surgem as notícias: Megan, a qual Rachel apelidou de Jess, está desaparecida. Desde a noite que Rachel xingou Anna. E ela não se lembra de nada! Com essa descoberta em mente e o medo de ter visto ou até mesmo feito algo a Megan naquela noite, Rachel sai do mundo imaginário das observações pois agora sabe que está envolvida de alguma forma no caso. E fará de tudo para descobrir o que realmente aconteceu com ela, mesmo não gostando de ter a visto beijando outro homem. Mesmo a polícia não confiando nela. Mesmo as intrigas entre Anna e Rachel continuando obstinadas. Contudo, quanto mais fundo Rachel averigua, mais coisas descobre... e não somente sobre a vida daqueles que cercam Megan.


Desde o início do lançamento de A Garota no Trem, já havia visto através da blogosfera que se tratava de uma obra que dividia opiniões de muitos leitores. Não existe meio-termo: ou você ama o livro ou odeia. E com toda a certeza faço parte do grupo que amou! Porém, acredito que sou capaz de entender os motivos que levaram alguns leitores a se decepcionarem. Em primeiro lugar, temos uma protagonista que, dentre as suas características principais, não constam o carisma, empatia e compreensibilidade. Se trata de uma mulher alcoólatra que se odeia e não se esforça para melhorar, que busca conforto em observar os outros e imaginar uma vida perfeita para eles, que ainda se dá o ridículo de ficar ligando para o ex-marido pedindo para voltar, sendo que ele já constituiu uma família. Como confiar ou se identificar com uma protagonista dessas durante todo o livro? Muito difícil, certo? Mas no meu caso, que estou embarcada nessa vida de leitora já há algum tempinho, isso não me incomodou pois já não é novidade para mim protagonistas desagradáveis e nada fáceis de decifrar. Sabemos que na realidade é muito mais fácil encontrar uma pessoa recheada de defeitos do que qualidades. Por que os protagonistas precisam ser perfeitos, então?

Além disso, o segundo ponto que incomodou alguns leitores é o fato da polícia investigadora parecer completamente alheia ao caso do desaparecimento de Megan, como se não soubesse trabalhar com os suspeitos, deixando passar detalhes importantes, permanecendo muito tempo na pista do suspeito errado ou se contentando com poucas informações. Na minha opinião, achei que essa falha foi um fator decisivo para que o mistério da trama funcionasse e fosse bem desenvolvido, principalmente na revelação do mistério. Se a polícia fosse bastante eficiente e optasse por tratar a ocorrência como uma exceção e não um padrão, o caso seria solucionado rapidamente. E qual seria a graça disso para nós, leitores?



Tendo alguns pontos esclarecidos, deixem-me enaltecer a obra. Não sei porque levei tanto tempo para conhecer A Garota No Trem! Um dos aspectos que mais influenciou no sucesso desse livro, com toda a certeza, é a escrita da Paula Hawkins. Ela é genial! Conforme vai nos apresentando a história e os personagens, a autora te traz em uma bandeja várias suspeitas do que poderia ter acontecido com Megan. Tomei o cuidado de guardar cada uma de minhas teorias no fundinho da minha cabeça, assim, pude prever o que de fato ocorreu com ela pouco antes da descoberta. E ainda assim me surpreendi bastante! Se trata de uma escrita que te instiga, te deixa curioso (a) e te engana, uma narrativa que mostra as aparências das pessoas e as desmitificam justamente por trazer personagens com problemas reais. Li relatos de algumas pessoas que chegaram a abandonar o livro de tão maçante que é a introdução. E nisso elas infelizmente estão certas. Mas persistem que a história muda completamente de nível! Prometo que vai chegar um certo ponto que a história vai colocar as garras em você e só vai te largar quando chegar à última página. A Garota No Trem é, essencialmente, um dos melhores thrillers psicológicos que já li.

Achei incrível como cada um dos personagens apresentados, tanto os principais quanto os secundários, são absurdamente suspeitos. Nem tudo realmente é o que parece! Em um momento, demonstram ser pessoas carismáticas, mas basta que uma pequena semente da dúvida se plante e logo suas personalidades passam a mudar e, em sintonia com essa constatação, nossa visão deles também se modificam. Vou citar alguns exemplos para vocês acompanharem meu raciocínio: a Rachel é alcoólatra e por essa razão, ás vezes tem apagões; Anna é a outra, que continuou tendo um caso com Tom mesmo sabendo que o mesmo era casado com Rachel – como confiar numa mulher dessas? -; o homem ruivo do trem que parece ser simpático, mas que devido a amnésia de Rachel, pode muito bem ser uma pessoa horrível; o terapeuta que se relaciona com uma paciente, sabe que é uma atitude nada profissional e continua ultrapassando os limites da ética e por aí vai. Acredito que é exatamente por todos serem tão duvidosos que torna essa leitura tão interessante e um desafio para solucionar o grande mistério do desaparecimento de Megan. Foi uma jogada esperta da autora!

“De vazio, eu entendo. Começo a achar que não há nada a se fazer para preenche-lo. Foi o que percebi com as sessões de terapia: os buracos na sua vida são permanentes. É preciso crescer ao redor deles, como raízes de árvore ao redor do concreto; você se molda a partir das lacunas.”

Como podem perceber, a edição do livro é linda! A imagem da garota olhando através da janela do trem, combinada com os efeitos especiais aplicados na foto que passam uma sensação de nostalgia, deturpação e entorpecimento, traz como resultado uma linda arte visual da capa que gera um contraste com os elementos essenciais da história. A parte técnica do livro também está bem arranjada, dispondo de uma excelente escolha de fonte da letra e tamanho, espaçamento e ótima revisão ortográfica, da qual não consta nem um único erro. Ouso ainda dizer que prefiro essa capa do que a do filme, já que a mesma focou muito mais na garota do trem do que nas suas observações fora dele. A escrita é em primeira pessoa sob pontos de vistas de três mulheres, sendo a de Rachel a principal, Anna e Megan. Enfim, sei que o livro já faz sucesso há um bom tempo e que há grandes chances de você que está lendo agora já o ter conhecido, mas se for esse o caso, por que não recomendar para seus amigos e familiares? E você, leitor, que é apaixonado pelo gênero thriller psicológico e ainda não havia se convencido a tentar: leia! Garanto que não irá se arrepender!


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13 comentários

  1. Olá.

    Quando eu vi sobre a outra eu tinha um certo receio de ler, mas nem tanto por conta da divisão de opiniões, e sim pelo gênero, pois já havia lido outro livro com o gênero apresentado e não curti. Mas decidi dar uma chance para "a garota no trem" e não me arrependi. A escrita da Paula é incrível e ela sabe como conquistar o leitor e deixá-lo aflito em cada virar de página até descobrir como tudo irá finalizar.

    Adorei sua resenha <3
    Beijos,
    Blog PS Amo Leitura

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  2. Oi Amanda, tudo bem?
    Eu tenho este livro aqui e ainda não sei porque não li. Eu adoro o gênero da estória e o mistério me deixa sempre presa. Não faço ideia do que pode ter acontecido com Megan e estou doida para descobrir.
    Beijos

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  3. Então..rs eu cometi um erro grave com este livro. Primeiro vi o filme..(e odiei). Só não me conformei e daí, comprei o livro e sendo bem sincera, ainda não sei se de fato odiei ou apenas, não gostei totalmente.
    É um enredo que prende, que nos faz questionar muitas vezes..mas ainda sinto que faltou algo que eu não sei o que é.
    Ainda vou reler ele em algum momento futuro!
    Beijo

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  4. Amanda!
    Gosto dos thrillers psicológicos, principalmente quando se tem como objetivo encontrar um sentido para sua própria vida, que no momento não anda bem.
    Sempre tive a mania de ficar observando as pessoas e acho que me identifiquei de certa forma com a protagonista…
    Entendo também o ponto de vista das pessoas que não apreciaram a leitura, mas cada um deve tirar suas próprias conclusões, concorda? O que serve para uns, não serve para outros...
    Quero é ler e tirar minhas próprias análises.
    “O primeiro passo para a cura é saber qual é a doença.” (Provérbio Latino)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE SETEMBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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  5. Olá Amanda
    Estamos no mesmo grupo, eu também amei o livro! Achei muito impactante, e a edição que li é com esta mesma capa, que achei fantástica, representa toda a estória do livro.
    Gosto bastante de thrillers psicológicos e concordo que este é um dos melhores. A autora realmente nos leva de suspeito a suspeito, criando uma estória bem envolvente.
    Foi meu primeiro contato com a autora, adorei, e em breve pretendo ler "Em águas sombrias". Espero que seja tão bom quanto este!

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  6. Oi Amanda.
    Adorei sua sinceridade.
    Fico feliz em saber que você está no time que amou, eu ainda não li por isso estou no terceiro time os ansiosos kkkkkk.
    Enfim, eu adorei a premissa e concordo com seu raciocínio, se a polícia fosse eficiente em todo caso o livro não teria graça alguma para o leitor, enfim adorei essa capa e quero muito ler.
    Bjs.

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  7. Não imaginada que o livro fosse assim... eu só ouvi falar dele quando saiu o filme e não assisti, para poder ler o livro primeiro, mas percebi que a personagem realmente foge do padrão das personagens principais dos livros, alcoólatra e tudo mais, creio que eu me irritaria um pouco com a personalidade dela lendo o livro. Mas achei bem legal o enredo, parece ser bem enigmático.

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  8. Oi!
    Já estava a procura de uma resenha deste livro a um bom tempo. A história parece ser ótima, com mistérios, fiquei super curiosa, e estou ansiosa para começar a ler esse livro.
    Sua resenha está muito boa, beijos.

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  9. Oi! Ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas espero fazer parte do grupo que vai amar a leitura. Sempre tive muita curiosidade em ler os livros da autora e conhecer sua escrita, e quero assistir a adaptação logo em seguida! Beijos

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  10. Olá!
    Acredita que eu não li esse livro ainda, a historia é muito interessante. Tem um mistério que te envolve desde do inicio da leitura e também há um filme baseado no livro, eu no momento quero ler para depois assistir. Espero ter a oportunidade de ler!

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  11. Esse livro está na minha lista de leituras a séculos rsrsrs ainda não tomei coragem de iniciar a leitura apesar de todos os comentários positivos sobre ele, estou em duvida se leio o livro ou assisto o filme primeiro.

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  12. Olá Amanda ;)
    Primeiro tenho que dizer que já vi o filme antes de ler o livro. Queria muito ter lido o livro antes, mas infelizmente com a correria não deu!
    Acredito mesmo que a escrita da autora seja boa, mas comecei a ler outro livro dela, o Em Águas Sombrias, e não... não engatou pra mim sabe, não sei se pela quantidade de narradores (algo que eu detesto em livros).
    Com isso meio que perdi a vontade de ler A Garota no Trem, mas gostei muito do filme, achei bem surpreendente.
    Adorei seus comentários, e vou deixar o livro na minha lista, quem sabe no futuro não bate uma vontade de ler ele ;)
    Bjos

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  13. Eu já li esse livro! ele é maravilhoso, me prendeu do início até a última página, o começo é um pouco difícil mesmo, porque a mudança de visão dos personagens e da linha do tempo confundem mesmo. Não que seja algo que ruim, pois permite juntar aos poucos os quebras cabeças da história. Eu adorei e é um dos meus favoritos! Indico para ler somente quando tiver tempo de ler ele todo, porque se ficar parando, não vai entender muitas coisas.

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